sexta-feira, 27 de agosto de 2010

EXCLUSIVO – MV Bill confessa: ‘Estou surpreso comigo mesmo’

MV Bill
No ar na nova temporada de Malhação como Antônio, professor de física e matemática no colégio Primeira Opção, MV Bill está se aventurando em mais um desafio na sua vida. “É tudo muito diferente do que já fiz”, afirma ele. O músico, escritor, ativista social e agora também ator conta que tem se divertido muito nas gravações. E não sentiu dificuldade alguma em interpretar seu primeiro papel em novela. “É impressionante! Mas confesso que estou surpreso comigo mesmo”, diz MV Bill, ao risos, que continua: “Está sendo muito prazeroso fazer o Antônio”. O maior desafio? Sem receio algum, ele admite que tem penado com o figurino. “São roupas bem apertadas, né? Daria para o meu sobrinho. Normalmente, as minhas são três vezes maiores que essas que uso para gravar!”, confessa. Já no primeiro dia de gravação, MV Bill foi surpreendido ao ver que os atores são seus fãs, principalmente o elenco masculino. “Vários deles, assim que souberam que eu estava lá, entraram pela porta cantando minhas músicas. O Júnior Madalena, o ator que faz o Franja, me emocionou com a tatuagem que fez em seu braço, que diz ‘Só Deus Pode Me Julgar’”, recorda ele, referind0-se ao título de uma de suas músicas. Aceitar fazer parte do elenco de Malhação é parte de sua vontade e luta para tentar mudar a sociedade, diz ele. E mandar como mensagem para os jovens carentes que eles não precisam aceitar os estereótipos, nem os limites da periferia. “O maior recado que o meu personagem vai dar ao jovem que vem da mesma realidade de onde eu vim é que podemos ocupar qualquer lugar no Brasil. Basta se qualificar, se preparar e mostrar a cara”. Confira a entrevista que MV Bill concedeu na nova cidade cenográfica da novela teen.

Dandara de Morais e MV Bill posam para os fotógrafos
Como é para os jovens ver você fazendo o professor Antônio na Malhação?
MV Bill: No meu primeiro dia de gravação eu já pude sentir o clima, porque todo mundo me tratou superbem. Em nenhum momento em lugar algum eu recebi tratamento diferenciado por não ser um ator profissional. Muito pelo contrário. Eu fiquei muito feliz com a receptividade e o carinho com que todos me receberam por aqui, em especial o elenco masculino, porque dividimos o mesmo camarim e vários deles, assim que souberam que eu estava lá, entraram pela porta cantando minhas músicas. O Júnior Madalena, que faz o Franja, me emocionou com a tatuagem que fez em seu braço, que diz “Só Deus Pode Me Julgar”. Ele fez questão de frisar que não a fez só por causa da Malhação, mas sim quando ouviu a música pela primeira vez e se identificou com a mensagem que ela traz.

Você se sente ídolo?
MV Bill: Não sei. Talvez, por causa da minha insistência e perseverança eu possa ser, mas só por isso. Não sei se chego a ter essa idolatria…

Fale um pouco sobre seu personagem.
MV Bill: Pra começar, o meu personagem usa essas roupas, que são bem apertadas, né? (Risos) Roupas de gente normal. Normalmente, as minhas são três vezes maiores que essas que uso para gravar! (Risos) Aliás, esse está sendo um grande desafio para mim: ter que me adaptar a essas roupas justíssimas, pois são roupas que eu daria para o meu sobrinho. (Risos)

Em falando das características do personagem, tô achando muito legal o fato de ele ser um professor de matemática e física, porque isso nos tira, nós, negros, desse estereótipo em que normalmente nos encaixamos, que, na maioria das vezes é alguém da limpeza, na segurança, no banditismo… Não que não haja nobreza em interpretar esses papéis também, mas é que para nós, por causa de nossa história, pode acabar sendo pejorativo. Ele é um professor de matemática e física, que é viúvo e vem da periferia da cidade grande. Nunca precisou dos sistemas de bolsas e cotas para se tornar um professor no Primeira Opção e tem uma filha, Júlia, que também estuda no mesmo colégio em que ele dá aulas. O problema é que ela engravida e esconde dele esse fato…
O que você tem em comum com o Antônio?
MV Bill: Acho que é aquela preocupação em fazer com que as pessoas, sobretudo os jovens, mesmo que sejam de classes e raças diferentes, precisam interagir mais. Acho que, sem essa interação, não dá para acreditar em um futuro transformador. Acho que talvez esse é o ponto em que mais me identifico com ele.

E você é mesmo bom em matemática e física?
MV Bill: Não! (Risos) Só em matemática, na época em que eu ainda estudava, até tirava boas notas, mas nunca cheguei a ser um CDF. Longe de mim! (Risos)

Fale um pouco sobre o seu caminho até aqui.
MV Bill: Ao mesmo tempo que eu enxergo isso como uma trajetória vencedora, mesmo apesar de ainda estar em uma caminhada, eu percebo muito que a perseverança ajudou muito nesse caminho. Não aceitar os estereótipos, os limites da periferia… E sempre acreditar que a gente, independentemente do lugar de onde viemos, podemos ocupar qualquer lugar na sociedade. Acho que esse seja, talvez, o maior recado que o meu personagem vai dar ao jovem que vem da mesma realidade de onde eu vim.  Podemos ocupar qualquer lugar no Brasil! Basta se qualificar, se preparar e mostrar a cara.

Paralelo a Malhação, o que está fazendo agora?
MV Bill: Acabei de lançar um novo disco, chamado “Caos e Efeito”, que está ótimo e tá sendo uma difícil conciliar todas as solicitações para tudo que tenho recebido. Acho que, depois que o Antônio começar a aparecer mais na TV isso só tende a melhorar, apesar da agenda cada vez mais cheia. Também estou organizando junto com a CUFA o próximo Campeonato de Basquete Profissional de Rua, que agora já está partindo para sua competição internacional, com 16 países participando. Também estou escrevendo um livro junto com o Celso Athaíde, que tem o título provisório de “CDD Anos 80”, em que fazemos um paralelo entre a minha adolescência até os dias de hoje juntamente com o processo que a Cidade de Deus veio sofrendo nesse período.

O que pode dizer sobre estar na Malhação?
MV Bill: Acho que talvez eu tenha sido um dos maiores críticos em relação a Malhação, justamente pelo fato de o programa falar de juventude no singular. Acho que, no Brasil, há muitas juventudes, com “S”, que acabavam não se identificando tanto com o programa. Mas que fique claro: nunca quis ter uma condição de “reclamão”. Sempre fiz críticas acreditando que elas fossem construtivas, no intuito de melhorar. Quando fui convidado para o papel, achei irônico, por me achar um dos grandes críticos dessa programação, mas como a proposta era mudança, eu adorei.

E dá pra mudar, mesmo?
MV Bill: É lógico que não se deve esperar que um programa diária de meia-hora de duração vá mudar de maneira rápida a uma situação histórica que vivemos. Mas o primeiro passo é o mais importante. Por se tratar de um programa que tem uma boa audiência e um foco mais adolescente,  tratar dessas questões territoriais, periféricas, sociais, raciais… Acho que vai ser muito bom para o Brasil poder discutir sobre tudo isso.

Está sentindo alguma dificuldade?
MV Bill: Impressionantemente, não! (Risos) Eu lembro de quando fiz a participação em um filme, e que no set sempre havia só cinco pessoas e eu já ficava meio cabreiro. Sou muito tímido. Sempre fui. E agora, quando vim gravar a Malhação e vi esse montão de gente no set, fiquei tenso. Mas confesso que estou surpreso comigo mesmo! (Risos) E como o professor Antônio só fala de coisas muito legais, tá sendo muito prazeroso pra mim fazê-lo. O maior desafio para mim é mesmo o figurino… (Risos)

O que você faria se algum dia conseguisse atingir um cargo de peso, como governador, ou até mesmo presidente?
MV Bill: Acho que eu teria uma certa decepção por conta do tipo de política que temos. Hoje, nesse meio, tem-se que barganhar, se comprometer com pessoas de quem discordamos… Então, hoje, trabalhando dessa foram, apartidária, acho que sou até mais importante para dar as minhas opiniões a quem quero. Acredito que também contribuo politicamente fazendo o que faço.

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